segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Sobre a mente

 Venho pensando muito em como funciona a mente. Ego, subconsciente, consciente, sentidos, tudo se mistura numa sopa de confusão que constrói o eu. Pra tentar colocar os pensamentos em ordem decidi escrever nesse blog esquecido, e pra minha surpresa o último post que fiz aqui foi sobre a mente também, dá época que eu estava lendo o livro do Schroedinger sobre o assunto, onde ele tentar colocar a mente dentro do campo material, tenho que reler aquele livro.

A questão sobre a qual eu queria escrever foi uma explicação do Rafael Jordão, não lembro muito bem mas a ideia que eu fixei é imaginar a mente como um oceano/lagoa onde as ondulações são como as ideias que surgem o tempo todo na nossa cabeça, se você ficar olhando pra água vai perceber as ondas vindo, do mesmo jeito que se você olhar pra dentro da sua cabeça vai perceber ideias surgindo.

Quando eu faço esse exercício de olhar pra dentro as ideias que surgem como as ondas são completamente sem sentido, um desenho, uma forma, uma memória embaçada e distorcida, uma paisagem, uma vontade, geralmente essas coisas estão desconexas das realidade e não fazem sentido no nosso dia-a-dia.

Existe outro tipo de ideia que surge de forma diferente, essa é difícil de explicar, partindo do conceito de que a mente é um oceano é como se em um momento a gente estivesse na praia olhando as ondas e no momento seguinte a gente estivesse dentro da onda, ou uma onda tivesse me pego pelas costas sem que eu pudesse perceber, mas em um instante estou completamente absorto/envolvido pelo pensamento que essa onda trouxe. Essa onda geralmente trás coisas mais conectadas com a realidade, uma memória mais concreta, uma coisa que eu tenho que fazer mas posterguei, uma solução pra um problema, a percepção de que um problema existe.

É essa segunda que eu não consigo entender. Será que são ideias que estão vagando no meio daquele mar de confusão mas que por serem mais reais elas tem esse impacto? Será que as ideias ficam separadas e são acessadas e armazenadas de forma diferente? É possível ter algum tipo de controle sobre o que a gente pensa, mais especificamente sobre essas ideias que surgem completamente do nada? 

sábado, 15 de outubro de 2016

Mente e Matéria

Continuando minha leitura do livro do Schrödinger cheguei na parte Mente e Matéria, que já na primeira página eu tive a confirmação de que esse livro é incrível.  No capítulo intitulado A Base Física da Consciência, Erwin questiona (em tradução livre):

O mundo é uma construção das nossas sensações, percepções e memórias. É conveniente considerar que ele existe objetivamente sobre ele mesmo (existe mesmo se nós não existimos). Mas ele certamente não se manifesta por sua mera existência. Sua manifestação é condicionada a eventos muito especiais em regiões muito especial, mais exatamente, em certos eventos que acontecem no nosso cérebro. Isso é um tipo peculiar de implicação, que levanta a questão: Quais propriedades em particular distinguem esses processos cerebrais e os possibilita de produzir manifestações? Podemos descobrir quais processos materiais tem esse poder, quais não? Ou, de forma mais simples: Que tipo de processo material está associado diretamente com a consciência?

Percebemos rapidamente que o escritor relaciona a consciência com a matéria, excluindo dessa forma qualquer tipo de envolvimento místico. Segundo é a ideia de manifestação, eu nunca tinha pensado sobre isso, mas é algo realmente interessante, existir é diferente de manifestar. Perceber as coisas como nós humanos percebemos é algo bastante raro, algo que nem mesmo todos os animais são capaz de fazer da mesma forma como fazemos. Daí me surge a questão: Quantas coisas não somos capazes de perceber? Imagine você que mesmo forças amplamente utilizadas como o eletromagnetismo não são facilmente percebidas, certo que no caso  da parte elétrica basta pensarmos nos raios, mas quem já sentiu um campo magnético?

Na página seguinte o conceito de consciência é explorado (em tradução livre):

… Na minha mente havemos de encontrar a chave nos seguintes fatos bem conhecidos. Qualquer sucessão de eventos nos quais tomamos parte com sensações, percepções e talvez até com ações gradualmente sai dos domínios da consciência quando a mesma sequência de eventos se repetem da mesma forma várias vezes. Mas são imediatamente trazidos de volta a região da consciência se em uma das repetições a ocasião ou as condições ambientais se diferem de como eram nas incidências anteriores.

Eu nunca percebo quando algo está se afastando da região do consciente, alguns exemplos são ouvir o barulho do ventilador, respirar, mastigar, e diversos outros. Me surpreende muito como nosso cérebro evoluiu dessa forma, se fosse de outra forma imagine a confusão na sua região consciente, você pensando em respirar, comer, e mais um número incontável de ações que a gente realiza sem nem perceber.

Acho difícil analisar algumas coisas sob a luz da ciência, e ainda mais difícil quando essas coisas são ordinárias, pensar nela de uma forma física é espetacular, é entender como as coisas realmente funcionam e essa busca eu considero de extrema importância para o desenvolvimento da nossa sociedade.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Sobre a limitação humana

Gosto sempre de lembrar de algo que Lord Kelvin afirmou, pouco mais de um século atrás, ao dizer que não havia nada de novo para ser descoberto na física, apenas algumas medidas a serem aperfeiçoadas:
"There is nothing new to be discovered in physics now, All that remains is more and more precise measurement."
Pouco tempo depois tivemos expansões incríveis na física, com as teorias de Einstein ou as ideias da física quântica.

Outra coisa que me chama bastante a atenção é como são entendidas as necessidades para que a vida se desenvolva em um ambiente, falando por cima coisas como atmosfera, água e  algumas outras moléculas conhecidas.

Hoje lendo um livro (What is life?) do Schrödinger percebi algo interessante referente a genética, o ser humano recebe metade de seus genes da mãe e metade do pai, através de um processo de fertilização, isso se aplica praticamente a todo ser vivo na Terra, mas existem algumas exceções, uma muito interessante é o macho da abelha, o qual nasce de um ovo não fertilizado da rainha, ou seja, não há um pai. Isso me mostrou que os processos de mistura/mutação do material genética não é algo concreto e único, existem formas diferentes de se fazer isso.

Então eu dou um salto e me pergunto, e se em um ambiente diferente a vida se desenvolveu de uma forma completamente diferente, aqui na Terra os seres têm um mecanismo parecido pois descendem de um mesmo ancestral, em um outro planeta esse ancestral pode ter sido diferente. Eu entendo que leis devem ser universais, e que a necessidade de água, por exemplo, é algo bastante concreto, o meu ponto é que pode-se ter uma generalização ainda maior e, pra isso, talvez seja necessário pensar um pouco mais fora da caixa, e não sair da caixa é uma limitação.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Considerações sobre o projeto UFAL Debate Grandes Temas

Hoje dia 19 de novembro de 2014 com o tema “A informação bioquímica e suas implicações sobre a origem da vida” tivemos na UFAL um debate com o professor, Marcos Nogueira Eberlin, e sobre esse debate valem algumas considerações.

Primeiro, apesar de ter o nome de debate a seção de perguntas se deu de uma forma bastante desconfortável, uma vez que ao questionar o palestrante e este que em sua resposta distorcer o que lhe foi questionado não abriu espaço para correção com um sonoro “Você já falou, agora é minha vez”.

Segundo, sobre as questões feitas por mim, algumas valem nota. Em sua apresentação Eberlin mostrou como indício para a incoerência da teoria da evolução o fato de humanos terem 23 cromossomos e chimpanzés 24, quando confrontado com o fato de que humanos e chimpanzés são ramos diferentes, e portanto evoluíram de forma diferente, além disso sabemos portadores de síndrome de down tem uma diferenciação cromossomática, o professor ignorou o fato e simplesmente passou a falar das diferenças entre os cromossomos dos humanos e chimpanzés. Falou também bastante sobre informação, e em uma fala bastante tendenciosa citou o exemplo de um pendrive, que ao ser carregado com dados tem o mesmo peso que ao ser comprado (vazio) querendo assim mostrar que informação não pode ser matéria, mas ora, o que seriam os dados em um pendrive senão alteração da matéria ali contida, nesse caso os chips, ou os discos magnéticos no caso de um HD, por exemplo, não obtive resposta quanto a essa questão, para um público menos instruído nas questões tecnológicas esse argumento é irrebatível, podemos categorizar isso como desonestidade intelectual? Espero que tenha sido apenas um descuido. Fui ironizado ao citar o exemplo da emissão radioativa como fonte de informações provenientes de uma entidade não viva. Tudo isso me parece uma fuga ao real questionamento que fora feito.

Como ultima consideração, e o motivo que me fez escrever a nota. Ao fim da primeira pergunta ficou clara minha intenção de esclarecer os pontos distorcidos ou mal interpretados, então o senhor que estava administrando o microfone me ofereceu a oportunidade, menos de um minuto depois ele me aparece com a sugestão “Por que você não questiona a micro evolução?”, percebi então a intenção dele de levantar ao assunto, e para minha surpresa, o senhor que fez a pergunta seguinte, conhecido tanto do palestrante como do senhor que me ofereceu o microfone questiona justamente isso.

Para finalizar gostaria de expressar meu anseio de que os debates realizados dentro do projeto Ufal Debate Grandes Temas tivessem realmente o aspecto de debate, e não de uma exposição de pontos de vista tendenciosos e sem brechas para uma discussão sincera.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sobre a ignorância e preconceito ateu

Ignorância e preconceito se manifestam de várias formas na nossa sociedade, aqueles provenientes da religião são bastante comuns, se não os mais. Desta forma me impressiono quando vejo um ateu sendo preconceituoso ou ignorante para com um crente, e é sobre isso que pretendo discorrer.

Um dos grandes motivos para o abandono da religião é a repudia que se tem ao ver religiosos concordar e disseminar ideias vistas na bíblia como a abominação do homossexualismo, por exemplo, os males que a religião traz muitas vezes são oriundos dessas ideias e esse acaba por ser um argumento fortíssimo no posicionamento ateu. Constantemente vejo um ateu falando coisas do tipo "crente é burro", "crentelho", "ovelhas manipuladas", e muito mais compondo uma enorme lista. Não consigo entender, se o individuo vê esse problema tão presente religião por que não percebe que está fazendo o mesmo?!

Inquiridos sobre suas posições preconceituosas recebo vários tipos de respostas, encabeçando a lista tenho a desculpa da "zoeira" e "eles nunca respeitam ninguém, porque devo respeitar?". Quanto a "zoeira" acho que é um problema mais simples que se esvai com a experiencia, o amadurecimento mental, apesar de ver muitos senhores(as) entrando nessa onda, sinceramente não entendo esses. Já a segunda é um pouco mais complexa, um pouco mesmo, me parece vir de um pensamento de "não apanhar quieto". Veja bem, existem varias formas de resposta, e a ofensiva é de longe a menos eficiente, o diálogo deveria vir sempre em primeiro lugar.

O problema atual é a disseminação de uma ideia errada do ateísmo, do que adianta passar o dia na internet zoando pra de noite entrar no grupo reclamando que sofre preconceito? Não é Bem assim que funciona.


Boa parte dos ateus que vejo tentando debater, ou só fazer piada mesmo, conheceram o ateísmo pelo "humor ateu" que se encontra na internet nesses dias, o lar da tal zoeira, não é de se estranhar que achem normal fazer piada da religião quando até a maior associação no Brasil tem como meta o Humor:


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Por que ser ateu?



Como Richard Dwakins disse, ninguém é 100% ateu.

Nos últimos dias estive me fazendo essa pergunta, por que me rotular como ateu? A princípio a questão me surgiu por brincadeira e indignação, devido a páginas ateístas no Facebook que exigem respeito das religiões mas não respeitam as religiões, sem contar os comentários hipócritas nessas páginas, mas a questão acabou tomando mais a minha mente do que uma brincadeira tomaria.

Em um resumo rápido e simples encontrado na Wikipédia, ateísmo é precisamente a posição de que não existem divindades, com vertentes como o ateísmo forte que diz que não há provas para a existência e o ateísmo cético que diz que não há provas tanto para existência como para a inexistência. Certa vez Lord Kelvin falou que não havia mais o que fazer no estudo da física além de algumas medidas mais precisas, e então surgiu Maxwell e revolucionou toda a física, desde que li sobre isso tento não pensar nas coisas dessa forma, então como posso afirmar que não existe uma divindade? Entretanto eu não posso confirmar a existência de alguma divindade simplesmente por nunca ter sentido sua existência.

Se existe uma coisa na qual eu escolho não acreditar é na bíblia, cheia de contradições, mentira, morte, um ser onisciente, onipotente e onipresente que não consegue controlar sua criação, um livro escrito pelas mãos do homem, e que nele acreditam cegamente. E a partir da bíblia começa meu desgosto com as religiões. Não vejo mal algum na acreditar em divindades, e da mesma forma não deveriam ver mal em não acreditar, o grande problema são as religiões, que se utilizam de tal crença para se fortalecer, ora, por que a igreja católica precisa de algo como o Vaticano, sendo que tudo que deveria ser necessário é a fé, incrível mesmo são essas ditas igrejas evangélicas, com horário pago na televisão para vender “objetos sagrados”, que atraem fieis com promessas de prosperidade financeira, tudo uma farsa, uma rápida olhada na internet nos mostra fazendas, carros e muito mais ostentados pelos líderes de tais organizações, tudo as custas de um povo que não aguenta mais andar de ônibus lotado e quer comprar seu carro, não aguenta mais pagar aluguel e quer comprar sua casa, quer dar um presente pros filhos, ou seja, quer um pouco da tal felicidade que o dinheiro tem comprado. A crença sem medidas na palavra da bíblia já fez muita gente ter medo do inferno, e ainda faz, é comum ver coisas do tipo “se arrependa enquanto é tempo, Jesus está voltando”, quer dizer que só se faz o que é bom por medo de ser julgado culpado por Jesus? Eu tenho muito mais orgulho em tentar fazer o que é bom pois é o que acredito ser o certo.

Voltando um pouco ao assunto dos comentários na internet, acho ridículo quando vejo algum ateu falando que para os crentes deus é um amigo imaginário, ou algum desprezo parecido, em grande parte essas pessoas foram educadas desde a infância perante a crença em alguma divindade, e isso de certa forma molda as pessoas de maneira que passa a ser realmente difícil simplesmente se questionar “será que o que está escrito aqui é verdade?”. A batalha atual do ateísmo não é tirar a frase “Deus seja louvado”, mas sim ser respeitado, ter sua opinião ouvida, como conseguir tal respeito se antes não respeitar?

Um último pensamento, para encerrar este conjunto, me leva de volta a questão de não poder afirmar que não existe uma divindade, ora, ninguém conseguiu provar que o universo surgiu, não há por que descartar uma alternativa, apesar de poder ser bem duvidosa.

O agnóstico de certa forma acredita que o ser humano não tenha capacidade de dizer como o universos surgiu ou funciona, pra mim isso parece um erro parecido com odo Lord Kelvin. Portanto, aprendendo com o erro de Lord Kelvin, me resta o ateísmo, o cético, o que deve me livrar do tormento de ter que acreditar em algo, eu simplesmente aceito que, por enquanto, não temos as respostas.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Realidade Simulada E Provas Para A Existência De Deus

Essa semana eu tava lendo um capitulo do livro sobre universos paralelos do Brian Greene, capitulo o qual ele falava sobre a possibilidade de rodar realidades simuladas em pcs, coisa bem completa, com simulações perfeitas do cerebro de cada ser humano na Terra, tudo msm, praticamente Matrix, com a diferença que não havariam corpos fora da maquina.
No livro mesmo surgiu a questão de que a gente pode estar num programa de simulação de tal tipo, mas essa não é a questão, é só uma coisa interessante.

Mas o mais interessante de tudo é o seguinte...
Se a gente estiver em uma simulação, como a gente ia poder saber que está mesmo nela?
Tudo oq governa o universo ia estar la e tudo mais, a gente podia descobrir uma teoria que explicasse o universo por completo, e ia pensar que não precisava de algo a mais para o nosso universo.
Mas ia estar se enganando, não creio que conseguiriamos perceber que estamos apenas "rodando" ali na maquina.

Enfim, tirem toda a parte de ficção de sermos um programa de computador e imagem algo do tipo para a nossa realidade, onde deus está apenas rodando a gente.
Quer dizer, mesmo sem nunca termos prova alguma de algum deus, ele ainda pode estar la, e ser unipotente, presente, ciente e tudo mais.